sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Entrevista O Mito da Caverna - Augusto Miranda

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Primeira entrevista de 2012, com a banda O Mito da Caverna. pra mim a promessa e a renovação do Cenario Underground Brazuca, banda que vcs vãoouvir falar muito esse ano, eu garanto. aqui nessa entrevista eu bate um papo com o gente finisima Augusto Miranda, aqui eleme faloumais sobre a banda,lançamentos,letras e influencias, si liga nessa pq o papo foi massa.


[Augusto M.] Olá, Thiago! Amigo, antes de começarmos, me deixe te dizer que é bom demais poder bater um papo sobre essas coisas todas envolvendo essa atividade bem legal que é participar de uma banda (ou zine, ou sarau, ou produção de vídeos, ou qualquer que seja o projeto cultural, e que por vezes é visto como mera criancice, mesmo pela pessoas que vão atuando neles...)



1 - Augusto, conte pra galera como Surgiu O Mito da Caverna.

[Augusto M.] Ah, me lembrei de algo quanto a isso que vale mencionar! Nosso primeiro evento ao vivo foi dentro da Ocupação Mauá dos Trabalhadores Sem Teto, ao lado da Estação da Luz! Muito marcante isso! Ter um tipo de som propositalmente indigesto em meio a todas aquelas famílias – pais, mães, filhas e filhos da ocupação e ainda ser EXTREMAMENTE bem recebido...!
Sabe que... Sabe que não tem nada de tão especial no tocante à formação d’O Mito? Basicamente o Douglas, EU e o Marcos Koga – que não está mais na banda, mas por quem ainda nutrimos paixão muito especial – iniciamos, posteriormente tivemos a entrada de Igor, a saída de Marcos e entrada do Nicolau e agora temos até mais um integrante... Nada de exorbitante quanto a isso.

2 - Quais são suas maiores Influencias?

[Augusto M.] Olha... Se falarmos de influências mais gerais e mais voltadas pro nosso tipo de som, a banda como um todo é tarada por Monarch (da França) e por Corrupted (do Japão), mas filosofias e sociologia bem direcionadas em favor de minorias estarão sempre em nosso foco! Então, teremos Milton Santos, Kafka, Saramago, Belchior (é, ele mesmo...), Bakunin... Mesmo que isso não atenda a uma linha específica nem venha explicitamente em nossa parte lírica, ela vem em nosso ínterim, vem no que nos forma como pessoas...
Se for num âmbito mais pessoal, pouco do que eu escuto tem influência direta sobre nossas composições... 2011 foi um ano que, pra mim, ficou marcado por descobrir com mais afinco o trabalho de Belchior... Muito profundo e o que pude concluir é que o cara entendeu o tempo e o espaço em que vivia/vive, feito poucas pessoas! Sou um tarado desde a infância por Ramones, fã ardoroso de The Smiths, coisas assim e no mais todos da banda são oriundos de vertentes extremamente rápidas de grindcore (daí brinco que por isso, por manter a idéia e a “estética” do grindcore, somos um “grindcore morto...”)

3 - vcs estão preparando um álbum pra 2012, certo? Como rolo o Processo de composição?

[Augusto M.] Cara, acredite: Não é a mesma coisa compor Crust, Grind, Punk e compor esse estilo mais arrastado, menos vibrante... Até por que,estamos a compor um álbum com um único tema, uma única faixa! Que será a “Condenados da Terra” – parte baseado na obra de Frantz Fanon, mas que pretendemos “aplicar” a realidades mais brasileiras (como se houvesse muita distinção daqui pra África, não?), de modo mais poético (o mais possível, ao menos) , a parte gráfica já vai sendo preparada também , que é algo que faço questão de executar, sabe...? Vejo a parte gráfica como um item a mais das bandas. Algum relaxo nessa parte poderia comprometer tudo que já foi feito...

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4 - vcs já entram em estúdio pra gravá-lo?

[Augusto M.] Sim, sim... Por conta dessa rotina de Trabalhadores/Estudantes/Massa de Manobra acabou atrasando muito, mas retomamos agora, esperamos em breve estar com tudo pronto... Até pretendemos regravar o que já fizemos até aqui, por que percebemos que podemos e evoluímos bastante tudo ali... e muito dessa evolução está num algo pra ser comentado aqui em primeira mão (quem ler isso vai pensar que essa deve ser uma mega banda, não...?[risos]) que é o ingresso de Paulo Viana também nas guitarras. Ele era o guitarrista no Praia de Vômito junto do Douglas e eu e já tínhamos contato com os (diversos) projetos do Igor e com Nicolau também.

5 - e esse Material já tem Nome?

[Augusto M.] “Condenados da Terra” é um título que trás um peso tão grande pra quem sabe da obra de Fanon, que a coisa toda acabou se reescrevendo, entende? Exigiu a saída de muito do que já estava escrito, exigiu a entrada de elementos mais próprios... A gente está meio que testemunhando a coisa toda se escrevendo por conta...! (risos)

6 - vc fazem um som com influencias de Drone/Doom. Aqui no Brasil esse estilo é meio fraco, vc conhece outras bandas que seguem essa linha?

[Augusto M.] Olha, pra fugir das injustiças (risos) vou citar as bandas com as quais pudemos estar juntos, que são os caras do Qerbero (que, aliás, foram das primeiras bandas daqui a arriscar um som menos voltado pra velocidade e mais pro peso arrastadão...), tem o Kroni, com membros que também vêm de trabalhos mais acelerados, o fantástico Noala, que, numa boa, não estranhe se eu puser as composições e execuções deles no nível Neurosis ou Isis...
Falando dum quadro mais global, até o momento não encontrei outras bandas com esse estilo de instrumental e que sigam essa linha lírica de protestos, fatos sociais... Se souber de alguma, a indicação seria ótima...




7 - Saindo esse Play de vcs. Têm planos pra uma tour no Brasil ou fora?

[Augusto M.] Olha, “sonhos”, ok... Planos, não... (risos) Tem muito a ver com o que comentei da rotina “Trabalhadores/Estudantes/Massa de Manobra” ...
Sabe que fazemos certa questão de não nos apresentarmos com tanta freqüência? Temos esse bom senso: Não é um tipo de música que agrada de se ver o tempo todo por aí...

8 - Augusto, Fora O Mito da Caverna vcs tem outros projetos?

[Augusto M.] Ah, sim! Sobre o Igor, sinceramente duvido que saiba com exatidão em quantas bandas toca (sei do Narayama, CycoPit, Gorfada, Dead Alive...) ... O Nicolau e ele são, respectivamente, Guitarra e Bateria no Narayama (ultra recomendo!), o Douglas e eu éramos no Praia de Vômito as mesmas porcarias que somos aqui, e o conforme já comentei, o Paulo Viana, lá no “Praia” também era guitarrista, por ora, os dois não têm tido muito tempo a se dedicar a mais projetos... (acho!)...
Eu ainda faço vozes também no Massacre em Alphaville e sempre que possível (atualmente quase nunca...), curto estar na produção de arte para capas de trabalhos dos nossos queridos de cenário independente...
Fora que, pelo menos pro Nicolau e pra mim, as carreiras acadêmicas que temos escolhido muito têm que ver com pra onde essas nossas opiniões e pontos de vista nos vêm direcionando... Então, sim, são nossos “projetos” também...

9 - E o Cenário Underground Nacional. vc olha que melhorou com os anos? Questão de shows, Bandas etc..

Olha... Existe uma mania de se dizer lances do tipo “antes é que era bom mesmo...” coisa assim... Sabe, eu não partilho, nesse meu pouquíssimo tempo participando (e de modo não tão profundo quanto eu gostaria...), dessa opinião... Até onde posso lembrar ou somente enxergar, ou saber de ouvir falarem, as coisas têm sido ruins por motivos diferentes, mas a seu tempo, sempre houve adversidades... Quase sempre é relacionada a comodismo, em algum ponto, tem a ver com isso, mas em roupagens diferentes sempre... tempos considerados áureos, são sempre os que tiveram grandes vilanias, como na época da ditadura militar... Temos sentido uma fagulha de esperança maior no tocante não só a cenário musical, mas aldeia global mesmo, em que muitos levantes de ocupações, ações diretas, debates, marchas, eventos com caráter de emancipação vêm acontecendo, esferas de microblogs sendo usadas para pôr tudo isso adiante... Talvez (talvez!) estejamos a perceber o quanto sempre estivemos sob algozes do mesmo modo que na ditadura militar...

10 - Augusto, valeu pela atenção cara. e o espaço é todo de vc

[Augusto M.] Puxa... somente quem tem a agradecer somos nós... Temos dado nosso melhor nisso, bem sabemos que pouca e talvez nenhuma atenção seja dada de fato a isso... Mas há algo que nos impede de parar (se não nessa banda, em outra; senão numa banda em algum outro tipo de trabalho...), algo que acaba nos abocanhando... Não vamos mudar o mundo? Bem, talvez nós também não vamos conseguir mesmo... Mas numa última instância, esse mundo horroroso do jeito que está - essa fase transitória, importantíssimo mencionar – não vai nos mudar também
E quando digo isso, me refiro também a esse veículo aqui...
Deixo meus agradecimentos mais admirados, amigo!

Grande beijo e Liberdade a nós todos!



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[Igor Hammerle] green2grey@hotmail.com
[Augusto M.]miranda.guto@gmail.com
[ Nicolau...] nicxvx@gmail.com
[ Paulo Viana] ps.viana@yahoo.com.br
[Douglas Mikulas] douglas.mikulas@gmail.com

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